quarta-feira, 1 de outubro de 2008

por Paul Krugman/ New York Times



Coluna publicada ontem no New York Times sobre a crise nos EUA

por Paul Krugman
Ele não discute que algum tipo de resgate é necessário. Mas tem problemas com o plano de 700 bilhões de dólares proposto pela Casa Branca. Primeiro, no entanto, começa como uma explicação das origens da crise:
1. O estouro da bolha imobiliária provocou uma epidemia de calotes e hipotecas cobradas que, por sua vez, provocou que os títulos ancorados nessas hipotecas que circulam no mercado despencassem de valor.
2. Esta perda de valor fez com que muitas instituições financeiras terminassem com pouco capital nas mãos em relação a suas dívidas. Este é um problema particularmente sério porque todas se endividaram muito no período da bolha.
3. Como as instituições financeiras têm muito pouco capital em relação a suas dívidas, elas não têm conseguido ou não têm tido vontade de fornecer o crédito que a economia precisa.
4. Para pagar suas dívidas, essas instituições têm procurado vender os papéis que têm, incluindo os títulos ancorados em hipotecas, o que empurra ainda mais para baixo seu preço, conseqüentemente desvalorizando ainda mais suas reservas. É um ciclo vicioso.

O projeto do governo norte-americano consiste em comprar 700 bilhões de dólares em títulos. Segundo Krugman, isso talvez possa até quebrar o ciclo vicioso. Mas apenas talvez: a essa altura, vários outros papéis estão com seu valor despencando. Em resumo, o governo quer intervir no item 4. O colunista acha que a intervenção tem de ocorrer em outro ponto do processo: no 2.
Em essência, o dinheiro é do povo. Do país. Se é para fazer uma intervenção, o povo tem que ganhar algo com isso. Ao dar dinheiro para instituições financeiras, deve sair com um pedaço delas. Ao colocar dinheiro, o governo deve tornar-se sócio. O governo não deve simplesmente comprar papéis ruins sem que os banqueiros sejam punidos. Deve assumir um pedaço. Tendo controle, capitalizando quem se meteu no buraco, aí deve vender parte dos papéis ruins, mas também parte dos bons.
De outra forma, o povo assume a dívida e os incompetentes lavam as mãos com suas fortunas.

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